terça-feira, 8 de setembro de 2009

MEMÓRIAS DE ESPHERAS





INGRID 17 VEZES

“When I think of all the things I’ve done
And I know that its only just begun
Those smiling faces you know I just can’t forget
But I love you”
(Lou Reed)



Indrid passou por minha vida 17 vezes, e em todas manteve-se virgem. Fosse porque eu já fosse casado e comprometido, seja porque ela simplesmente não quis perder – ou ganhar – comigo, ou fosse por qualquer outro motivo que agora me foge à compreensão, ela passou por mim intacta e limpa. O máximo que perto cheguei foi sentir seu amora e sabor virgem vaginal numa posição intra costal entre nádega e coxas brancas, pequenas e perfumadas. Foi o máximo: ela, deitada com as costas viradas pra mim e minha língua explorando suas intimidades jamais vistas ou tocadas sequer por homens, namorados ou amigos. Me senti um monge da religião mais sagrada do mundo explorando um templo sequer visto. A voz rouca de seus baixos gemidos de prazer, aprovação e reprovação marcaram minha vida em gestos, palavras e rimas que poetisa alguma conseguiria expressar. O ato passou, mas a vivência é tão eterna quanto estas palavras grafadas neste pedaço de papel.

Ingrid, a deusa virgem, era bem mais jovem que eu, e havia me conhecido em uma aula de behaviorismo na faculdade de psicologia. Eu era seu professor, e ensinei muito mais a ela do que Freud, Jung, Skinner e suas teorias conseguiram. Na cama uma vez, lhe ensinei os segredos do amor entre um homem e uma mulher. Ela aprendia como dar prazer e sentia o prazer invadindo seu corpo cheiro de flor, segurando-se tal qual vulcão que não quer entrar em erupção, mas já derrama as lavas a torto e a direito.
Além do prazer do toque, conversávamos. E como conversávamos. Ingrid nunca deixou de questionar e admitir a felicidade de Felícia, minha esposa. Será que ela existe mesmo? Se Felícia me fizesse tão feliz assim, como ela achava, será que eu estaria entre as pernas dela, falando coisas que nunca havia dito a minha companheira e vice e versa? Eu não sei. Uma vez achei que amar Felícia bastaria, mas desde que vi Ingrid, o amor por ela invadiu minha vida de forma avassaladora e inesquecível. Como é que eu ia conseguir viver sem os braços, os beijos e os perfumes de Ingrid?

(nota: sobre meu corpo, Ingrid – semi nua – toca meu sexo com o seu oculto, em saia rosa e calcinha branca, o mais puro, delicioso e macio do mundo, merecedor de minha mordida carinhosa e da minha respiração ofegante, cheirando a vocda com coca e cigarro de menta. Nenhuma bala de menta jamais conseguiria apagar o sabor de Ingrid do meu coração)

Certa vez, Ingrid veio ao meu escritório e, em meio a álcool e nicotina, começamos a questionar formas e amores de amor. Com tudo isto, seu noivo só tinha a ganhar, pois eu, em minha experiência com mulheres, lhe ensinei onde tocar, o que pedir, o que fazer e o que não fazer. Ingrid só não foi até um orgasmo porque não quis, frustando assim a minha alegria de alegrá-la, de ser o primeiro homem em sua vida de levá-la além do corpo, além desta casca que todos desejam, e a levar até o âmago de sua jovem alma, numa explosão eclipsada de prazer, tremores e líquidos, ao som das baladas de Bono Vox - ou Lou Reed, com seu The Velt Underground.

Mas ela se guardou para o noivo, que dizia amar. Aquilo que vários homens almejava seria dele. E eu nem sabia se ele era um homem capaz de ver quanta poesia possuía aquela alma feminina. Deus, como chorei naquela noite! Teria sido eu o homem mais feliz do mundo? A alma de Ingrid me deixava tão feliz! Talvez, se tivessemos mais tempo juntos, ou se Felícia ou o noivo sumissem de uma vez por todas. “Mas aí seríamos outras pessoas” – disse ela. Seus olhos iluminados apenas pela luz verde do meu computador, a alma alta e cheia de sonhos sobre o primeiro amor e estas bobagens todas. Foi a 17ª vez que estivemos juntos, quase no ato do amor. Mas passou. Às 20h, ela entrou em seu carro verde e partiu. Eu fiquei só, como é de costume. Voltei para a esposa que nada de novo tinha para me oferecer, além de parentes, bares noturnos e uma promessa que nunca se cumpriu de amor eterno.

Hoje, anos depois do fato ocorrido, procuro pela alma de Ingrid em todos os olhares que cruzo, mas não encontro. Ela, por fim, casou e perdeu sua virgindade. Hoje, sexo não é mais novidade. Muito menos amor. Mas sei que ela se arrepende profundamente – assim como eu também me arrependo – dos momentos em que estivemos juntos e não nos completamos até o final. Mas isto não importa. O amor de Ingrid está gravado em minha alma assim como o seu sabor está gravado em minha vida através da minha língua para todo sempre.

2 comentários:

  1. Qnt erotismo, rapaz.. Tem talento pra essa coisa de escrever, viu... Não li ainda o conto que vcme entregou impresso, por falta de um espaço tranquilo e silencioso no meu dia, mas lerei e darei notícias de minhas impressões, se não for incômodo...
    Tbm tenho um Blog, só que não é literário.. bastante corriqueiro e casual, aliás.. mais sobre minhas sensações de dia-a-dia.. Se quiser dar uma espiada, vai lá,

    o teu já está nos meus favoritos..

    Foi um prazer conhece-lo pessoalmente e como escritor tbm..

    abs,

    Deborah (lá do Camacho do dia 13/09)

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  2. Bem vinda ao clube, Déborah! entre e fique à vontade. Bjs o obrigado por estar aqui conosco!

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