Nascido em Espheras (1972), teria uma vida comum, se não fosse amores e amizades que o cercam,transformando-o em um homem ordinário envolvido em situações extraordinárias. Claudemir Santos conheceu Belloto em 93, no velório da suicida Sabrina C. Lima. Belloto lhe narra sua vida desde então. Agora, autorizou a publicação de alguns fatos. Atualmente, Belloto mora na Z/L e possui um antiquário com objetos tão incomuns quanto seu círculo de amizades.
domingo, 6 de setembro de 2009
TRILOGIA DESPEDAÇANDO FANY PARTE 1: RENDEZ VOUS REVISITADO
1995
É Sábado.
Belloto está com uma garota incrível em sua cama.
Nair está grávida e sem namorado.
Cida deseja saber – seja qual for o preço – porque Léo não quer tê-la.
Beatriz não consegue esquecer o ex namorado, um cara violento e possessivo.
Fany perdeu o emprego e não sabe o que fazer de sua vida.
Ênio, bufão e anfitrião da turma, convida todos para uma festa – segundo ele – inesquecível.
Eles não imaginam, mas este será um daqueles dias em uma vida que, simplesmente, não conseguimos esquecer...
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TRECHO DO CONTO:
0.
Não era a primeira noite em que eu não dormia mas, pelo menos dessa vez, Fany estava ao meu lado – mesmo que dormindo. Comecei a alisar seus cabelos para ver se conseguia adormecer. Mas os longos cabelos castanhos não me convenceram que dormir seria uma boa idéia. Não queria acordá-la; por isso parei de tocá-la e sentei-me na cama. Conheço Fany há quase seis anos e nunca me passou pela cabeça que um dia isso iria acontecer.
Três dias atrás o telefone tocou, mas eu não quis atendê-lo. A secretária eletrônica fez isso por mim e escutei aquela voz feminina dizer: “Belloto, preciso falar com você. Por favor, me liga.”. Era Estefany.
No dia seguinte, eu estava à porta de sua casa e, apesar de querer me ver com tanta urgência, não falou nada de objetivo; apenas me convidou para dar uma volta. Andamos no centro antigo de São Paulo sem pressa ou destino. Foi nestas ruas que ela me contou que havia saído do escritório onde trabalhara por nove anos... seu primeiro emprego. Começou a chorar e eu lhe dei um forte abraço. Enfim, por algum motivo, estávamos na cama naquele justo momento quando o telefone tocou e espalhou os meus devaneios. Era Ênio e, pela sua voz, estava bêbado:
“Ô Belloto, seu porra! Dá um pulo aqui em casa hoje à noite; tem algo de especial para dizer para todo mundo!”
“Você poderia ter ligado num horário melhor, não acha, Ênio? Como é que você liga de madrugada pra casa dos outros?”
“Madrugada?” – ele riu – “Mas são nove e meia da manhã, seu porra!”
Tirei o telefone do ouvido e prestei atenção no relógio despertador. Ele havia parado às três e meia da manhã – e eu não percebi. Enquanto Ênio entoava seu riso sátiro, verifiquei no meu relógio de pulso a hora certa.
“O que há de tão importante esta noite, Ênio?”
“Primeiro: porque hoje é Sábado, como diria o poeta e, depois... Than dan! Venha à minha casa e saberá!”
Riu e desligou. Coloquei o telefone no gancho e me acomodei sob o cobertor. Fany me abraçou enquanto despertava aos poucos. Sorriu e beijou meu peito.
“O que houve, Bê? Que horas são?”
“Quase dez... Algo deve estar acontecendo, Fany.”
E assim o dia começou para todos nós.
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